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Lido aqui:
"Ontem, no Prós e Contras (RTP1) , ouvi coisas impensáveis semanas atrás e que demonstram o pânico dos agentes económicos nacionais – maxime Associações Patronais – perante a catástrofe (exógena) que nos caíu em cima:
- Para grandes males, grandes remédios: é indispensável a superior ORIENTAÇÃO do Estado para restabelecer a confiança, evitar as falências, a descapitalização e o desemprego.
- Nesse sentido, o Estado tem de injectar capital nas Empresas e uma boa forma de o fazer seria pagar uma substancial fatia dos atrasados da dívida estatal (e municipal, presumo eu) aos fornecedores privados.
- O Estado tem de reavaliar e adaptar à nova situação os seus investimentos e progamas. O dinheiro escasseia e o seu custo na banca é cada vez maior – daí que o Estado deva orientar a alocação de recursos do modo que fôr melhor (Custo/benefício) para o país. Essa orientação deve incluír o investimento privado, sobratudo nas PMEs.
- Não há tempo para discussões estéreis: há que actuar depressa e só o Estado pode dizer O QUE e COMO FAZER.
- Sentiu-se que tinha de ser o investimento público o motor da retoma e o avalista do país. Afinal, só os Estados mantém ratings de confiança financeira que lhes permitem – perante a retracção mundial do crédito bancário – conseguir dinheiro e obtê-lo a taxas de juro mais baratas (ou menos caras). O Estado terá assim de ser o motor da economia, o grande condutor, a reboque de quem, docilmente, os privados seguirão.
- Defendeu-se a suspensão (ou faseamento mais realista) do Pacto de Estabilidade, não contando para o endividamento público as verbas estatais complementares do QREN.
Como que por artes de magia, o Estado passou de coveiro a salvador da Pátria, de celerado a iluminado planificador. Como por essa Europa e nos Estados Unidos, somos agora todos Keynesianos.
Uma vez mais, é o Estado que irá salvar o capitalismo e o mercado dos seus desvarios e preversões. Esta crise dita sistémica revela mais do que isso: verdadeiramente sistémica é a liberdade do facilitismo e da especulação inventiva, agravada pelo virtualismo financista sem controle nem regras.
Infelizmente, capitalismo e mercado parecem ser “soluções” sem alternativa. Mas, como todos os sistemas imperfeitos, carecem de regulação atempada, competente, transparente e implacável.
Para que a lei da selva não continue a segregar a miséria decorrente da ganância nem a especular impiedosamente à custa do alheio e da sua ignorância."